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A sala das testemunhas do caso Millennium BCP

Foto: Meire Lara
Como já referi antes, sou testemunha em um processo trabalhista do Millennium BCP.
Compareci ao Tribunal do Trabalho às 9h30 da manhã do dia 30 de maio, conforme determinado na intimação, mas só fui ouvida por volta das 16hs, pois fui a última a ser chamada.
Enquanto isso, como eu era a única que não fazia parte do grupo Millennium BCP, fiquei constrangida de entrar na sala de testemunhas. Não obstante, coloquei Deus à frente, criei coragem, e entrei na sala… Silêncio total. Ninguém cumprimentou ninguém, pois todos me conheciam, mas eu conhecia apenas duas pessoas que estavam “distraídas” numa conversa…
Passado alguns minutos, as testemunhas foram ficando à vontade, a sala começou a parecer uma reunião de estudos, de troca de ideias, ou algo parecido. Algumas pessoas possuíam uma apostila (sebenta) na mão que liam, apontavam trechos e trocavam dúvidas como quem está decorando textos e certificando-se uns com os outros do excerto correto… Uma verdadeira vergonha!
Mais vergonhoso ainda, e frustrante para mim, foi perceber que entre as páginas dos textos que liam, encontravam-se as cópias dos meus cheques. Os mesmos cheques que foram descontados em dezembro de 2011 e que deveriam ser um documento interno do banco.
Senti-me humilhada, fiquei nervosa, revoltada… nem consigo descrever as emoções que senti naquele momento. Meu coração parecia mais uma escola de samba. Ali pude perceber a minha fragilidade, pois havia pessoas falando sobre mim, compartilhando os meus dados pessoais e bancários e, ainda, se servindo de cópias de documentos que deveriam ser sigilosos, e eu nada podia fazer...

 Resumindo:

 
A sala de testemunhas era o palco de testemunhas que decoravam textos, enquanto outras se divertiam, e uma única testemunha que era alvo de coacção e permanecia quieta vendo tudo sem nada poder fazer.

Agora eu pergunto: 

Isso é legal?
Pode um banco distribuir cópias de cheques de uma cliente aos seus funcionários para estes ficarem “apreciando” na presença da própria cliente sem nenhum pudor?
Pode esse mesmo banco distribuir cópias de um processo disciplinar, que está ainda a ser julgado, aos seus funcionários para estes decorarem em plena sala de testemunhas antes de serem ouvidos como testemunhas do mesmo processo?
Essas são as questões sem resposta, sem contar o constrangimento de colocarem em dúvida o meu bom nome.
Quem sou eu, uma simples imigrante brasileira, diante do Millennium BCP, um grande banco português?
Por que um banco tem tanto interesse em expor, humilhar, constranger uma mulher imigrante que nada lhe fez e que durante quatro anos confiou-lhe suas humildes economias poupadas com muita luta e provenientes de trabalho? Trabalho que o Millennium BCP sabe perfeitamente quem pagou por ele, pois, apesar de eu não ser formada em gestão bancária e nem “nascida em Portugal”, sei que transferências bancárias são identificas por quem as recebe.
Tudo isso são marcas que me machucam, que me desestabilizam, que me inferiorizam, que me revoltam… e será que um dia sara?

Eu tenho uma tese de doutoramento para concluir no meio de toda essa tempestade… Alguém pensou em mim?

2 comentários:

  1. a tua consciência tranquila e a tua dignidade deverão ser o suficiente para fazer sarar. a cabeça sempre erguida pelo teu amor próprio protege-te e fortalece-te. não permitas que sejam os outros a te definir. não és do brasil ou de portugal ou mulher ou homem. és uma pessoa do mundo. sê feliz.

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    1. O que eu mais quero é ser tratada como pessoa. Quero ter direito a me defender e não ser tratada como "errada" apenas por ser diferente dos nativos.
      Mas o meu maior problema não sou eu ou como eles me trataram, o maior problema é o meu marido ser despedido e eu ser usada como arma para atingi-lo, pois contra mim eles só podem falar e mais nada, porque eu não fiz nada, mas contra o meu marido... eles tiraram-lhe tudo, e essa é a minha maior dor.
      Quanto a sarar, Deus vai curar as minhas feridas e limpar o meu coração. Eu ceio!

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