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Quando abrir uma conta, não se apaixone pelo bancário

 Porque se você se apaixonar, pode complicar a sua vida e a do bancário. Foi isso que aconteceu comigo. E se o banco começar a dizer que pretende despedir funcionários, fuja! 

Apesar de todo esse transtorno, de toda a culpa que sinto por ser utilizável como arma contra esse bancário, ainda assim, a nossa história valeu (e vale) a pena.
Tudo aconteceu assim:
Eu tinha uma conta ordenado em um banco, que foi aberta por uma empresa onde eu trabalhei. Um dia o cartão perdeu a validade e eu tive que pedir outro cartão, mas como eu não tinha casa no meu nome, nem conta de luz, água ou outra coisa, ou seja nenhum comprovante de residência, o banco se recusou a alterar meu endereço enviando, segundo ele, o cartão para um endereço onde eu não mais morava. Isso era me dito toda vez que eu reclamava. Infelizmente, em Portugal, alterar um simples endereço é uma tarefa bem complicada para um imigrante que não tem nada no próprio nome.
Então, encerrei a conta, e fiquei sem ter onde depositar meu salário.
Foi por isso que entrei no Milleniumm BCP para tentar abrir uma conta. Primeiro, falei com uma moça que me informou quais os documentos necessários. Depois de reuni-los, retornei ao balcão do Millennium BCP, em frente ao Santo António, na Avenida de Roma, que ficava há duas quadras de onde eu morava.
Nesse dia, fui atendida por um rapaz que tinha uns cabelos fartos e era muito prestativo, bem diferente da maioria das pessoas que nos atendem em lugares públicos. Senti-me tão bem tratada que confiei logo naquele rapaz e, como tinha pressa, deixei todos os documentos para ele abrir a conta, inclusive o cheque do meu salário e fui tratar dos meus afazeres.
Voltei à tarde, conforme tínhamos combinado. Quando cheguei à porta do banco, ela se abriu como mágica, e ele apareceu, até parecia me esperar… estava tudo pronto. Assinei os papeis, peguei os que me pertenciam e fui embora.
Desde esse dia, toda vez que eu entrava no Millennium BCP, era sempre atendida por esse rapaz, o que fez com que fosse nascendo uma certa amizade.
Com o passar do tempo, eu ficava nervosa cada vez que o via. Tremia, meu coração disparava, etc. Parecia uma adolescente...  Comecei a notar que era recíproco, o que me deixava mais nervosa... Até que, um dia, ele me convidou para almoçar.
Não almoçamos. Mas, nas férias dele, tomamos um chá no Centro Comercial de Roma, que foi suficiente para percebermos que o tremor e o nervosismo eram mútuos. Parecíamos dois adolescentes.
Eu nem sabia que era possível sentir isso na nossa idade…
Numa outra ocasião, cerca de três meses depois do chá, saímos para jantar.
Um dia fiz brigadeiro e levei para ele na saída do trabalho…
Cerca de um ano mais tarde, passamos um sábado no zoológico de Lisboa, andamos de mãos dadas e nada mais.
O tempo passava, mas éramos tímidos. Éramos muito parecidos na insegurança de um novo relacionamento então, tornamo-nos amigos.
Até que dia 22 de agosto de 2010, começamos a namorar.  
Dia 23 de Setembro de 2010 eu viajaria para Porto Alegre para estar três meses na UFRGS, para realizar uma pesquisa para o meu doutorado.
Dia 22 de setembro, véspera da minha viagem, ele apareceu em minha casa com um anel.
Parecia sonho. Ele me pedia em casamento com um anel de noivado! Senti-me num conto de fadas... Aceitei, claro!
Aquela viagem a Porto Alegre, que fazia parte dos meus sonhos, tornou-se longa e indesejada.
Regressei a Lisboa 20 dias antes do previsto.
Marcamos o casamento, escolhemos a mesma data de abertura de conta no Millennium BCP, 27 de março, porque acreditávamos ser esse um dia de sorte.
Assim, dia 27 de março de 2011, casamo-nos.

Mas, no final deste mesmo ano, 2011, o pesadelo começou… e continua.

Eu nunca imaginei que manter a conta no Millennium BCP pudesse servir para ajudar a destruir meu marido. Mas, a verdade é que hoje sinto-me muito culpada por tudo que o vi (e vejo) sofrer sem poder fazer nada. Sim! Não tenho poder para fazer nada.
Não me deram a chance de mudar de banco. Poderiam ter me pedido para alterar o balcão da conta. Bastava um telefonema, um e-mail, um telegrama, qualquer coisa que servisse de alerta, e eu teria mudado. Mas, não! Não se comunicaram comigo, mas, mesmo assim, sou culpada por manter a conta onde meu marido trabalhava… Pior que isso, sem saber colaborei para atingi-lo.

Por isso, fica aqui um conselho:

Se abrir uma conta, não se apaixone! Mas, se for inevitável e se se apaixonar, mude de banco!



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