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O meu testemunho no processo trabalhista do Millennium BCP

O dia do julgamento

30 de maio de 2013

Depois que todos foram chamados, na sala de testemunhas restara somente eu. A angústia aumentava a cada minuto, era uma verdadeira guerra de nervos.
Finalmente, pouco mais de 16 horas, fui chamada... uma mistura de alívio, força e ansiedade invadiu-me e segui para a sala de audiência.
Assim que entrei, fui informada pelo juiz que eu, como esposa, se preferisse, não precisava falar.
Como não falar? Eu estava engasgada há mais de um ano e ia recusar-me a falar? Claro que não!  
 Eu queria falar, só deixaria de falar se o advogado do meu marido assim determinasse. Olhei para eles, como quem quer uma opinião, nem meu marido nem o advogado pareciam querer que eu desistisse...
Então, respondi ao juiz, qual era meu nome, minha profissão, onde trabalhava. A seguir fiz uma juramento e fui orientada a me sentar. Foi a primeira vez que entrei em uma sala daquelas, estava muito nervosa, mas também cheia de forças para esclarecer aquela história.
Contudo, veio a surpresa, não havia forma de esclarecer nada, pois as perguntas eram as mesmas, somente elaboradas com algumas modificações, talvez, com o intento de me fazer dar respostas diferentes... 
A minha maior surpresa foi ter que fazer o reconhecimento da minha assinatura. Realmente, eu nunca imaginei que mais de um ano depois de o Millennium BCP ter pago os meus cheques, levá-los-ia ao Tribunal para questionar a veracidade da minha assinatura sem nunca ter-me demonstrado tal dúvida.
Como é que um banco tem esse direito? 
Eu seria capaz de entender se a dúvida fosse na época do pagamento, ou se eu tivesse reclamado o meu dinheiro de volta. Mas, assim, como uma peça do jogo que alguém decidiu usar apenas porque lhe pareceu conveniente um ano depois...? custa-me muito entender.
Pelo que sei o processo é público e a audiência foi gravada. Portanto, qualquer pessoa pode ver os meus cheques, extratos, aplicações bancárias, etc. Mas, eu nunca tive o direito de me explicar, nem de me defender e eu adoraria saber porquê.
Por que eu não tive o direito de ser chamada em dezembro de 2011 para reconhecer as assinaturas, já que foi a época que descontei os cheques?
E se o banco sente-se lesado por mim, por causa das minhas assinaturas, porque nunca fez nada para esclarecer o assunto? Porque não examinou minhas assinaturas, visto que existem exames grafológicos?
Essas perguntas ficaram sufocadas, porque o direito de falar não me foi dado.
Assim, depois de assinar um papel em branco na mesa do juiz, enquanto tremia, meu depoimento chegou ao fim...
Enquanto o juiz saía da sala, eu ainda tentei, pedi-lhe se eu poderia lhe dizer algo. Ele disse que sim. Então, perguntei-lhe:
"Por que o Millennium nunca me contactou se tinha essas dúvidas?"
O Juiz, então, apontando para o advogado do Millennium, disse-me que somente eles poderiam me responder...

Se eu soubesse que não me deixariam falar nada, que meu único direito era responder perguntas armadilhadas, eu teria me aproveitado do direito de me calar, que afinal, foi o único direito que não me negaram.

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